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Henry Zisly (tradução)

[Os seguintes fragmentos foram extraídos da publicação Invariance, com o título «Naturiens, vegetariens, vegetaliens et crudivegetaliens dans le mouvement anarchist francais 1895 – 1938», editada em Julho 1993]

 

VIAGEM AO BELO PAÍS NATURAL

Vivamos, amemos, conheçamos e protejamos a Natureza, mas não a deifiquemos, não a idolatremos, nem lhe erijamos templos, não fundemos um novo Culto sobre os dogmas suprimidos pelas mentes livres, mas lutemos pela existência das leis naturais, as únicas leis que admitimos!  E seremos felizes todos e todas, porque a vida será Alegria e Felicidade, porque a Terra poderá ser um paraíso e o Inferno Social existente desaparecerá com a Civilização inepta, ignóbil e imunda que o criou.

Abaixo a Civilização! Viva a natureza!

«Voyage au beau pays de Naturie» – Maio 1900

 

***

 

O QUE SÃO EXACTAMENTE OS NATURIANOS

UMA CLARIFICAÇĀO

 

Em resposta a várias críticas tanto verbais como escritas, declaramos novamente que:

1 – Os naturianos não são anarquistas, se considerarmos as suas concepções anticientíficas do ponto de vista da teoria comunista-anarquista que é precisamente científica.

2 – Os naturianos são anarquistas do ponto de vista das várias facções libertárias existentes, mas anarquistas anticientíficos, obviamente.

3 – Os naturianos, do ponto de vista político, sāo anarquistas pois combatem o parlamentarismo, todo poder legal estabelecido, toda a política, e só admitem como leis válidas as leis naturais.

4 – Além disso, entre eles, do ponto de vista social, há os revolucionários e os anti-revolucionários.

5 – Do ponto de vista alimentar: omnívoros e vegetarianos

6 – Do ponto de vista anti-alcoólico e anti-tabágico: temperados e abstémicos.

7 – Do ponto de vista dos temperamentos: nómadas e sedentários.

8 – Do ponto de vista espiritual:  justamente por serem partidários da vida natural, são todos materialistas.

Todos os outros conceitos que não se conformam total ou parcialmente com estas declarações não são nossos. Não admitindo o preconceito nem o absolutismo, reconhecemos porém – e  propagamos ocasionalmente – qualquer tendência à manifestação da Vida Simples, de onde e de quem emana.

 

La Vie Naturelle – nº4, 1910

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O ERRO DOS ANARQUISTAS

O erro dos anarquistas, um erro profundo, é acreditar que uma sociedade comunista baseada na boa vontade de cada indivíduo é possível. Isso não é nem pode ser – o indivíduo verdadeiramente consciente é egoísta mesmo em grupo, o que é sinceramente lógico e irrefutavelmente natural – e é por isso que uma Sociedade naturiana bem estabelecida em princípios anti-industriais e anti-científicos pode talvez durar, enquanto uma colónia puramente anarquista irá falhar, apesar das melhores energias que apenas contribuirão para o florescimento de uma certa harmonia.

La Nouvelle Humanite – nº16, Abril 1898