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À boleia com Thierry Sallantin

Conheci o Thierry já lá vai mais de uma década, numa boleia que partilhamos até aos Pirinéus a caminho de um encontro da Família Arco-íris. Durante a viajem falou-me da sua experiência na Guiana Francesa, do seu envolvimento nas lutas contra as minas de ouro, do sonho em regressar um dia e viver como os povos autóctones que aí tinha conhecido… Anos mais tarde voltei a cruzar-me com ele nos encontros “anti-civilização” num bosque perto de Barcelona. Durante o encontro, Thierry, com o seu inusitado “tapa-rabos”, não suscitou grande empatia entre os presentes – a maioria de proveniência urbana e com pouca sensibilidade para as idiossincrasias do “índio branco”. Lembro-me até da desconfiança com que alguns o olhavam quando explicava a concepção não-linear do tempo, partilhada pela maioria dos povos “não civilizados”. No último dia do acampamento, enquanto se desmontava a cozinha, aproximou-se um veículo todo-o-terreno destinado a transportar a tralha. A música aos berros expelida pelo veículo entoava nas redondezas. Isto irritou verdadeiramente Thierry que nesse momento ouvia calmamente o som de um djambé tocado por alguém na clareira adjacente. Visivelmente exaltado atirou aos presentes – então vocês vêm a este encontro e abafam sem pudor o som acústico do tambor com os ruídos maquinais da civilização?

Isto veio-me à memória porque entretanto encontrei este texto escrito por ele: O que é a Ecologia Radical?